MITOLOGIA DANTESCA: A PRESENÇA ALEGÓRICA DE GÉRIÃO NA COMMEDIA, DE DANTE ALIGHIERI
Resumo
Gérião é o guardião do oitavo círculo do inferno descrito na Commedia, de Dante Alighieri. Um ser híbrido de transtemporalidades e transculturalidades, descrito com um corpo que detém quatro naturezas: bestial, escorpião, humana e serpente. Essas naturezas foram apresentadas pelo poeta Dante Alighieri, personagem e autor da Commedia, obra escrita no século XIV que narra a viagem de Dante ao pós-morte medieval: Inferno, Purgatório e Paraíso. O objetivo é analisar a revelação figural do ser híbrido antropobestial Gérião enquanto detentor de transtemporalidades que confluem as presenças de passado antigas relacionadas às obras greco-romanas com as mitologias medievais como, por exemplo, os Bestiários. A perspectiva metodológica da revelação figural é baseada nos conceitos de figuração e pré-figuração de Auerbach, alegoria de Benjamin e presença de passado de Gumbrecht.
Texto completo:
PDFReferências
ALIGHIERI, Dante. Commedia: Inferno. A cura di Emilio Pasquini e Antonio Quaglio. Milano: Garzanti, 2014.
ALIGHIERI, Dante. Divina Comédia. Tradução e notas João Trentino Ziller. Apresentação João Adolfo Hansen. Notas à Comédia de Botticelli Henrique P. Xavier. Desenhos de Sandro Botticelli. São Paulo: Atêlie Editorial, Unicamp, 2011.
ALIGHIERI, Dante. A Divina Comédia: Inferno. Traduzida, anotada e comentada por Cristiano Martins. Belo Horizonte: Villa Rica, 1991.
ARISTÓTELES. História dos animais: Livro I-VI. Lisboa: Imprensa Nacional da Casa da Moeda, 2006.
AUERBACH, Erich. Figura. São Paulo: Ática, 1997.
BACHELARD, Gaston. A água e os sonhos: ensaios sobre a imaginação da matéria. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
BENJAMIN, Walter. Origem do drama barroco alemão. São Paulo: Brasiliense, 1984.
BENJAMIN, Walter. Passagens. Belo Horizonte: UFMG, 2009.
BÍBLIA, de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2012.
BRANDÃO, Junito de Souza. Mitologia grega. Vol.1. Rio de Janeiro: Vozes, 1986.
ELIADE, Mircea. Sagrado e Profano. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
GUMBRECHT, Hans Elrich. Produção de presença: o que o sentido não consegue transmitir. Rio de Janeiro: Contraponto, 2010.
HORÁCIO. Odes. Tradução de Pedro Braga Falcão. Lisboa: Cotovia, 2008.
HORÁCIO. Arte Poética. Lisboa: Inquérito, 1984.
ISIDORO DE SEVILHA. Etimologias. Madrid: La Editorial Católica, 1951.
KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006.
LATINI, Brunetto. Il tesoro. Tradução por Bono Giamboni. Vol. 1. Venezia: Co’tipi del gondoliere, 1839.
LE GOFF, Jacques. O maravilhoso e o quotidiano no ocidente medieval. Lisboa: Edições 70, 2010.
OVÍDIO. Metamorfoses. Tradução, introdução e notas por Domingos Lucas Dias. São Paulo: Editora 34, 2017.
PLINIO. Natural History. Tradução de Philemon Holland. Wernerian Club, 1848.
PHYSIOLOGUS. A medieval Book of Nature. Traduzido por Michael J. Curley. Chicago: University of Chicago, 2009.
SALSANO, Fernando. Gerione. In: Enciclopedia Dantesca. 1970. Disponível em: http://www.treccani.it/enciclopedia/gerione_%28Enciclopedia-Dantesca%29/.
SILVEIRA, A. D. Saber em movimento na obra andaluza Gāyat al-hakīm, o Picatrix: problematização e propostas. Revista Diálogos Mediterrânicos, n.9, dez., 2015.
SILVEIRA, Aline Dias da. Política e magia em Castela (século XIII): um fenômeno transcultural. Revista Topoi, vol. 20, n. 42, 2019.
VIRGÍLIO. Eneida. São Paulo: Editora 34, 2016.
WELSCH, W. Mudança estrutural nas ciências humanas: diagnóstico e sugestões. Educação, s, 2007. p. 237-258.
WHITE, T. H. The book of beasts: being a translation from a latin bestiary of the twelfth century. New York: RR Donnelley, 2015.
Apontamentos
- Não há apontamentos.
Signum Revista da ABREM (ISSN 2177-7306) - Associação Brasileira de Estudos Medievais