SOBRE A ESCOLHA DAS NUTRIZES: MEDICINA, DIETETICA E MORALIDADE NOS CUIDADOS DOS INFANTES ARAGONESES (1306-1318)

Resumo

Garantir condições materiais e salutares para sobreviver à primeira infância era um tema de primeira ordem entre as monarquias do Ocidente medieval. Os primeiros anos de vida eram uma etapa crucial, pois os índices de mortalidade infantil atingiam patamares elevados. Na corte do rei Jaime II de Aragão foram imprescindíveis os cuidados e pessoas para zelarem, nutrirem e garantirem um desenvolvimento pleno para os dez filhos do monarca. Uma figura essencial nesse processo era a nutriz, incumbida de amamentar os recém-nascidos até os sete ou oito anos de idade. O presente artigo busca analisar o papel desenvolvido pelas nutrizes dentro da corte real aragonesa e as interferências dietéticas e médicas, assim como as pressões morais existentes sobre elas. Como objetos de análise serão utilizados um conjunto de cartas trocadas entre o rei Jaime II e as nutrizes dos seus filhos, dois tratados médicos, Sobre a doença das mulheres, de Trotula di Ruggiero e o Tratado das Crianças, de Bernardo de Gordon e as Partidas afonsinas. Essas fontes nos proporcionarão uma visão ampla acerca desse cargo essencial na criação dos futuros herdeiros da Coroa.